sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Conceito de Linguagem e a Nova Prática Pedagógica


      A preparação do indivíduo para a participação ativa na vida é uma das funções sociais da escola e para isso ela procura formas de condução e garantias quanto à aprendizagem da escrita e da leitura, acreditando que é o domínio da variedade linguística padrão que possibilita a democratização do acesso a bens culturais, como também a participação política e efetiva deste.
   Nesta luta diária em busca de novas práticas o professor de Língua Portuguesa se fundamenta na visão sócio-interacionista de linguagem, ou seja, nosso fazer docente se dá por meio da interação verbal, em que adequamos à linguagem, nos colocamos como sujeitos de nossos discursos e procuramos, também por meio da interação possibilitar vivências em que o aluno se assuma como  interlocutor.
      Alguns estudos como a análise de Geraldi et alii (1996) em propostas curriculares de secretárias de Educação de Estados brasileiros, abordadas e discutidas em “ O Conceito de Linguagem e a Nova Prática Pedagógica” por Cardoso (2003), propõe mudanças em nossa conduta em quanto professores da língua materna ao verificarmos que há um despreparo quando enfrentamos o problema  da variação lingüística e um descompasso com relação a velocidade que se dá as transformações, se observarmos que a  escola deixou de absorver apenas a elite para abrir suas portas para as classes menos favorecidas. Tais mudanças  requer de quem faz a escola a característica de ser dinâmico e que tenha o desejo de tomar iniciativas urgentes para mudar sua postura, como também o currículo e os materiais didáticos e porque não até mesmo o projeto político pedagógico de sua escola.
       No entanto, não basta ter em mente a concepção de linguagem sócio-interacionista de forma simplista mudar o projeto político pedagógico e ser capaz de grandes transformações se não trabalharmos de forma autêntica e sem artificialismos. Geraldi aponta para a vulgarização de algumas teorias, “Compatibilização” de conteúdos e o esvaziamento das aulas de Língua Portuguesa, observamos que apesar de tomar o texto como centro do processo ensino aprendizagem, tomamos de forma isolada trabalhamos em momentos isolados na leitura, produção textual e análise linguística, muitas vezes esquecendo que o texto faz parte deste processo e não é apenas o produto, esquecem do aluno ser histórico, social e ideológico e que por sua vez seu texto também é. Desconsideramos os lugares em que o discurso é produzido, como a própria escola, família, igreja etc.
     Cardoso (2003) nos traz a proposta de Lenle (1978) que pode não a curto prazo, mas a longo dar um avanço em nossas práticas de Língua Portuguesa, o “Bidioletalismo” postura que busca trabalhar as diferenças e igualdades entre a variedade lingüística do aluno e a padrão, considerando a gramática que o aluno já tem internalizada  possibilitando, desta forma uma participação política efetiva e fugindo de conceitos e práticas ‘compatibilizadas” que nos faça funcionar como condutor do aluno para a apropriação de seu discurso.

Adriana Cristina Trajano Marinho- Especialista em Língua Portuguesa e professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II e Médio

Nenhum comentário: