sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ensino de Gramática e Qualidade de Vida

   Observamos a prática de professores de Língua Portuguesa e nos questionamos, porque ensinar português a falantes nativos? Quais as propostas no processo ensino/aprendizagem da língua que estamos aplicando em nosso dia-a-dia escolar?. E fechando, estes questionamentos, será que no ensino de gramática proporcionamos qualidade de vida aos nossos alunos?
     Sabemos que cabe a nós professores comprometidos com a formação social e cidadã de nossos alunos, nos propormos a uma busca em análises de teorias que venham apoiar-nos,  de forma real e sem artificialismos ou modismos no trabalho docente e enquanto profissionais atentos, já podemos detectar as mudanças quanto ao trato da gramática em sala de aula, ao sentirmos os indícios  a partir das exigências do mercado de trabalho, vestibulares e exames no final de cada período de estudo do aluno.Vemos que o ensino de teorias linguísticas classificatórias exigidas com o intuito  de sondar os conhecimentos sobre unidades soltas, funções e listas de palavras descontextualizadas estão deixando de existir e já podemos observar isso, desde o ANRESC 2008, teste feito com alunos concluintes da oitava série, que procura detectar no aluno não só conhecimentos de gramática normativa, mas estende-se a perguntas didático-pedagógicas e em todas as disciplinas que o aluno já estudou como por exemplo “ Como o professor de língua Portuguesa avalia o seu desenvolvimento?” questões  que observam o psicológico como “ Você se sente deixado de lado na sala de aula? Se estendendo até o ENAD 2008, exame dos cursos superiores de todo o Brasil.
      Esses dados que chegam ao professor propõe um olhar mais atento a propostas de trabalho com a gramática como a de Travaglia (2003)  “Ensino de Gramática e Qualidade de Vida” que pode nos dá respostas as três questões.
   Primeiro, o autor considera que ensinamos português para falantes nativos não para fixarmos no aluno classificações e funções, mas como um conjunto de conhecimentos lingüísticos inerentes ao indivíduo para uso efetivo em situações concretas de interação comunicativa. Bom exemplo e que confirma esta proposta são os indícios vistos tanto por nós professores como os alunos que em muitos casos sentem o impacto dessa mudança ao trabalhar em sala de aula e aplicar os conhecimentos de uma gramática “textual-iterativa”.
   A segunda pergunta, podemos responder juntamente com a terceira, o autor nos mostra de forma óbvia que nossas propostas didáticas quanto ao ensino da gramática, seja por fatores externos, internos, pessoais ou sociais ainda não estão proporcionando qualidade de vida aos nossos alunos, já que, o estranhamento do professor e até mesmo do aluno diante das novas exigências comprovam isso. O professor e consequentemente seu aluno não aprenderam a adequar sua produção aos efeitos desejados e seus objetivos são muitas vezes frustrados, assim como seus argumentos em muitos casos podem não ser aceitos.
   Diante destes questionamentos e respostas que poderiam se estender, algo que fugiria ao objetivo primeiro dessasconsiderações, poderemos nortear nosso trabalho com a gramática de forma que ela tenha realmente uma significação tanto para o aluno em seu dia-a-dia quanto para seu professor proporcionando-lhes qualidade de vida, pois ambos são sujeitos de seus discursos e só com acesso a uma gramática textual-interativa  se posicionarão na vida como cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. 
Adriana Cristina Trajano Marinho- Especialista em Língua Portuguesa e professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II e Médio.

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